Larissa fala com aquela clareza que só quem viveu cada etapa da própria trajetória com profundidade consegue ter. Sua história dentro da Sisprime começa em 2007, mas sua relação com o mundo do trabalho vem de muito antes — da empresa da família no agro, da vontade de ensinar, da inquietação com o que podia ser melhor. Hoje, como especialista em meios de pagamento, Larissa lidera transformações num setor onde inovação e detalhe caminham lado a lado. E tudo isso sem perder a leveza e o olhar de quem ainda se empolga ao falar de cartão de crédito.
Sua trajetória é marcada por uma palavra: construção. Entrou como caixa, passou por diversas áreas da cooperativa e, pouco a pouco, foi se aproximando do que realmente fazia seu olho brilhar — o desenvolvimento de produtos e processos. Era daquelas que se incomodava com tarefas repetitivas que um sistema poderia automatizar. E, em vez de reclamar, ia lá e propunha algo novo. Criava. Estruturava. Testava. Melhorava. Sempre com base na pergunta: “como isso pode ser mais eficiente?”
Foi com esse espírito que ela mergulhou no projeto de meios de pagamento da cooperativa — área que se tornaria sua grande paixão profissional. Desde 2016, acompanha tudo: legislação, normativos, fraudes, segurança, UX, integração com marketing e tecnologia. Participou da estruturação do produto desde o zero, desde a ideia de emitir cartões até a criação das políticas, dos sistemas, da prevenção a fraudes, das integrações com bandeiras como Mastercard. “Eu entrei de cabeça. Era tudo novo. Mas eu sabia que queria fazer aquilo dar certo.”
E deu. Hoje, o cartão da Sisprime é um case de sucesso — tem uma das melhores faturas médias do mercado, um público altamente qualificado e é referência até para a própria bandeira. Tudo isso sem atuar no varejo. Um modelo de negócio específico, de relacionamento, que exige mais do que tecnologia: exige relevância constante. “O nosso cooperado pode ter cartão em qualquer lugar. Nosso desafio é ser o cartão preferido dele. Ser o primeiro da carteira.”
Larissa reconhece que isso só é possível com presença ativa no mercado, estudos constantes e relacionamentos sólidos. Participa de eventos, lê normativos, acompanha movimentos das grandes instituições. E vai além: compartilha o que aprende com sua equipe, com pares, com fornecedores. “Sempre gostei de ensinar. E percebi que é ensinando que eu aprendo ainda mais.”
Sua atuação vai além da própria área. Tem um olhar sistêmico, consegue antecipar impactos em setores como contabilidade, controladoria, TI e marketing. Quando uma mudança chega, ela já fez o mapeamento prévio e inicia conversas com os envolvidos. Porque para ela, inovar não é apenas ter ideias — é articular, envolver, cocriar. “Trabalhar com inovação exige relacionamento. E muita escuta. Porque nem sempre o outro está no mesmo ritmo que você.”
E esse talvez seja o maior desafio que ela percebe hoje no mercado: a resistência à mudança. Larissa não romantiza. Sabe que nem todo mundo se empolga com novidade, que nem todo mundo quer sair da rotina. Mas também entende que, no fim, todos serão impactados. Por isso, prefere liderar a transformação — com sensibilidade, clareza e envolvimento. “Se a mudança vai acontecer de qualquer jeito, por que não estar à frente dela?”
Ela acredita que a motivação da equipe nasce do entendimento. Explica o porquê de cada movimento, compartilha o valor por trás da tarefa, envolve o time na construção da solução. E comemora. Vibra. Sofre junto. Porque, como diz, “a gente sofre no início, mas comemora junto no fim.” Esse senso de pertencimento é o que mantém o time unido, mesmo sem relações formais de liderança. “Eu não sou chefe de ninguém, mas tento ser referência. E estar sempre disponível.”
Sobre o que falta no mercado, ela é direta: profundidade. Acha que está faltando gente disposta a estudar de verdade, a se aprofundar nos temas, a ir além da leitura superficial. Vê muitos profissionais “no raso”, incapazes de prever impactos ou propor soluções robustas. E isso a inquieta. “A gente descobre os furos só em produção. E esse é o pior momento para descobrir qualquer coisa.”
Larissa se preparou para não ser pega de surpresa. Se incomoda com a ideia de estar em uma reunião e não ter respostas. Estuda antes, antecipa perguntas, se coloca no lugar do outro. Para ela, a credibilidade se constrói com consistência. “Não é ter todas as respostas. Mas é estar pronta para a conversa.”
Essa postura fez dela uma peça-chave na estrutura da cooperativa. E permitiu que sua atuação transbordasse: hoje, contribui no planejamento estratégico, na escolha de palestrantes e na construção de eventos internos que marcam a cultura da empresa. Traz nomes fortes do mercado, como Martha Gabriel e Arthur Igreja, para provocar, inspirar e atualizar a liderança. “Se não dá para todo mundo sair para aprender, a gente traz o aprendizado para dentro.”
Afinal, para ela, inovar é isso: buscar, provocar, trazer o novo — e dividir. Larissa fez da mudança uma aliada. E, com coragem, curiosidade e consistência, transformou sua inquietação em carreira.