A profissional, Joele Baumart, atua como superintendente pedagógica da Secretaria de Educação de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Com mais de 20 mil estudantes e cerca de 2 mil professores sob sua responsabilidade, ela conduz uma gestão marcada por aprendizado contínuo, empatia e coragem para encarar desafios diários.
Em entrevista, Joele contou que sua trajetória não foi traçada por uma formação voltada à gestão. Graduada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado na área, acabou se transformando em gestora ao longo do caminho — impulsionada pela curiosidade, pela dedicação e pela disposição constante para aprender.
Para ela, liderança exige escuta ativa, paciência e maturidade. “A gente não tem resposta instantânea. Não é como fazer um café solúvel”, compara. Segundo Joele, as soluções mais eficazes exigem tempo, entendimento do contexto e serenidade para decidir com clareza — mesmo quando a pressão é grande.
Sua história na gestão educacional começou quase por acaso. Convidada para organizar uma feira de ciências, acabou assumindo projetos maiores, como o evento Educar e Empreender, referência na cidade. Aos poucos, foi conquistando espaço e responsabilidades até chegar à superintendência pedagógica, cargo que ocupa atualmente com grande envolvimento.
Joele destaca que nunca ficou esperando as oportunidades surgirem: foi atrás, propôs soluções e assumiu responsabilidades com coragem. Para ela, é essencial manter a mente aberta, reconhecer que não se sabe tudo e buscar constantemente caminhos para resolver os problemas.
“Não deu certo por aqui? A gente vai por outro lado. Tem que achar uma outra maneira. O problema tem que ser resolvido.”
A profissional também falou sobre os maiores desafios da função, especialmente a burocracia. Muitas vezes, os processos administrativos se tornam entraves para aquilo que mais importa: o atendimento às crianças, o cuidado com os professores e o apoio às escolas. Ela reforça que, apesar das dificuldades, a equipe trabalha unida com um objetivo comum: garantir educação de qualidade.
Um dos pontos centrais da sua gestão é a construção de relações de confiança. Joele acredita que o bom líder é aquele que inspira segurança. “Se eu digo a uma diretora que algo será resolvido, ela precisa confiar que será”, afirma. Para isso, além da escuta e do diálogo, ela reforça a importância do preparo técnico e do conhecimento das legislações, diretrizes e possibilidades reais da educação pública.
Ela também compartilha sua visão sobre liderança de pessoas. Atualmente, coordena diretamente cerca de 50 profissionais e defende que conhecer os limites e potenciais de cada um é essencial. “Às vezes, a pessoa está no lugar errado. Não porque não tem capacidade, mas porque a função não é adequada ao seu perfil. Nosso papel é ajustar isso.”
Para Joele, a verdadeira liderança vai além de metas e relatórios. É sobre reconhecer talentos, oferecer suporte e criar condições para que as equipes se sintam satisfeitas com suas entregas. “Trabalhar feliz nem sempre é possível, mas é possível trabalhar com propósito e se sentir realizado ao final da semana.”
Ela também acredita que a formação contínua é uma ferramenta poderosa para o fortalecimento da gestão. Ao lado da equipe, participa e organiza cursos, resumos e encontros formativos, buscando formas de manter todos atualizados e engajados com as transformações na educação.
Joele reforça ainda que o apoio mútuo entre líderes é essencial. Em sua rotina, valoriza a troca com os colegas de outras superintendências e acredita que o trabalho em equipe é o que sustenta o dia a dia da gestão pública.
“Liderança também é saber que você não está sozinho. E entender que sua inspiração pode estar do seu lado — na sua equipe, na sua família, ou na colega da sala ao lado.”