A história de Alexandre Faleiros, analista de recrutamento e seleção na LD Celulose, é marcada por coragem, consciência social e um propósito muito claro: incluir. Mais do que contratar talentos, ele vê seu trabalho como uma missão — transformar o mercado em um espaço mais justo, representativo e acessível. E tudo começou cedo.
“Meu pai me sustentou até os 18. Depois disso, falou: agora é com você. Vai atrás dos seus sonhos”, relembra. E foi o que Alexandre fez. Começou como repositor na Etna enquanto aguardava o resultado do vestibular. Quando foi aprovado pela cota de escola pública na Universidade Federal de Uberlândia, um novo mundo se abriu.
Alexandre conta que sua entrada na universidade foi o primeiro contato real com o tema da diversidade. “Quando entrei, percebi que quase não havia pessoas negras na minha sala. Foi ali que eu entendi o tamanho da desigualdade racial que a gente não vê quando vive numa bolha.”
Esse choque de realidade se transformou em propósito. “Eu sabia que queria atuar no corporativo. Mas mais que isso, queria ajudar outras pessoas a terem oportunidades como eu tive.” Foi assim que nasceu o interesse por recrutamento e seleção com foco em equidade — uma paixão que Alexandre cultiva desde os tempos de estagiário na Cargill.
Ao longo da carreira, passou por grandes empresas como ALGAR, onde desenvolveu forte base técnica em entrevistas por competência, testes comportamentais e estruturação de processos seletivos. Mas um obstáculo pessoal — a dificuldade com o inglês — o levou a uma decisão ousada: vender o carro, sacar o FGTS e ir estudar na Irlanda.
A volta ao Brasil veio com uma nova oportunidade: integrar o time da LD Celulose, uma joint venture entre a austríaca Lenzing e a brasileira Dexco. Desde 2020, ele lidera a área de recrutamento e seleção e também assumiu a liderança do comitê de diversidade, equidade e inclusão, o LDC Plural.
“A gente começou com o pé direito. Desde o primeiro dia, tratamos a diversidade como valor. Hoje, 53% da empresa é composta por pessoas pretas e pardas. A gente não fala só de inclusão — a gente pratica todos os dias.”
Alexandre atua como líder tático e referência em cultura organizacional. Sob sua coordenação, a empresa promove ações como, Semana da Diversidade, programas afirmativos para mulheres em cargos técnicos e operacionais, parcerias com instituições como a Talento Incluir, trilhas de letramento para lideranças sobre temas como privilégio, identidade e respeito. Com dados na mão, ele reforça o impacto: “Empresas com diversidade de gênero e raça lucram até 33% mais, segundo a McKinsey. Quem não se adaptar, vai perder espaço.”
Além da trajetória profissional, Alexandre carrega uma história pessoal marcada por superação. Homem gay, ele enfrentou o difícil processo de aceitação dentro da própria família. “Meu pai só começou a me aceitar aos 29 anos. Foi um processo doloroso, marcado por traumas da história do meu tio, que faleceu em um contexto de preconceito nos anos 80.” Mas foi também essa vivência que moldou sua visão de mundo e a sensibilidade com que atua hoje. “O que falta no mundo é acolhimento. E eu quero ser essa ponte entre a dor e a transformação.”
Ele compartilha com emoção os impactos reais do seu trabalho: “Ver uma mulher da zona rural virar tratorista, uma pessoa trans se sentir respeitada, um PCD ocupando um cargo técnico… isso é o que faz meu trabalho valer a pena.”
E o que é um bom líder? Para Alexandre, a liderança ideal é aquela que compreende que diversidade não é modismo — é competência estratégica. “Líder bom é aquele que entende que acolher é gerar lucro. Que inclusão é inovação. Que representatividade importa.” Mais do que técnica, ele acredita que um líder precisa estar disposto a aprender, rever seus próprios vieses e se atualizar. “O mundo mudou. Quem não mudar com ele, vai ficar pra trás.”
