Felipe Alcântara, C level as a service na Veritus Consulting, tem mais de 25 anos de carreira e uma certeza que o acompanha desde os primeiros passos: para ser um bom executivo, é preciso ir além do conhecimento técnico. É preciso compreender de finanças, sim — mas também de gente. “Negócio é tomada de decisão. Quem não entende como a empresa remunera o sócio, não entende o jogo que está jogando.”
Sua trajetória começou com intensidade: logo após se formar, assumiu a gerência de vendas e marketing na Ambev. Ali, mergulhou em um ambiente altamente orientado a resultados e percebeu o quanto os fundamentos financeiros eram essenciais para a tomada de decisões estratégicas. Isso o motivou a buscar um MBA em Finanças, complementando sua formação como engenheiro.
Mas foi ao deixar a Ambev, em 2008, que sua jornada realmente ganhou novos contornos. Apesar de estar bem avaliado, Felipe aceitou uma proposta financeiramente transformadora em uma construtora que havia recém-aberto capital. “Foi a decisão mais difícil da minha vida. Até hoje me pergunto como seria se tivesse ficado, mas sei que fiz a escolha certa.”
Esse movimento o expôs a um novo tipo de desafio: aprender a se adaptar a ambientes com menos estrutura e mais necessidade de construção. Foi também o ponto de virada para desenvolver seu lado mais relacional. “Ser técnico não basta. Se você não souber abrir canais, conversar, construir com os outros, não avança.” Foi com autoconhecimento — e certa dose de frustração — que entendeu a importância da escuta, da humildade e da colaboração real.
Desde então, transitou por diversos setores — de bens de consumo a diagnóstico in vitro, passando por óleo e gás e química analítica — o que lhe trouxe uma visão sistêmica de negócios. “Os produtos mudam, mas a espinha dorsal das empresas é a mesma: visão de longo prazo, desdobramento de metas e liderança com propósito.”
Hoje, sua principal missão é escalar o conhecimento. E seu maior desafio? Formar sucessores. “Líder bom é o que se torna dispensável rapidamente. É quem forma gente que anda melhor do que ele. Isso exige humildade e comprometimento.”
Ele reforça que o time é o centro de tudo. “Times de alta moral se sustentam porque o compromisso não é só com a empresa, é entre as pessoas. Quando um protege o outro, o grupo se torna imparável.”
Felipe também encontra inspiração fora do ambiente corporativo. Um leitor voraz — lê cerca de 50 livros por ano —, cita Jim Collins como sua principal referência. “Ele tem uma visão sistêmica absurda. Seus livros mostram por que algumas empresas duram e outras desmoronam.”
E quando olha para os profissionais que mais o impressionam, não cita diplomas, mas atitudes. “A capacidade de escuta, de se comunicar com clareza, de gerar pertencimento nas decisões. Gente técnica, mas humilde, que sabe que resultado coletivo vem antes do brilho individual.”
Mais do que liderar, Felipe acredita em construir legado. E isso, para ele, só é possível quando se inspira pessoas a crescer — até mesmo para ir além de quem as lidera.
