Luara Tavares Alves Fernandes fala de comunicação como quem vive o que diz. Coordenadora de marketing na cVortex, ela é daquelas profissionais que unem repertório técnico com humanidade — e que não se esquivam dos desafios da liderança, mesmo quando ela chega de forma intensa e inesperada. Sua trajetória é marcada pela constância, pela vontade genuína de aprender e pela coragem de se adaptar ao novo sem perder o essencial: o foco em gente.
Formada em Relações Públicas, Luara nunca desviou do caminho que escolheu para si. Desde o início da carreira, manteve os olhos voltados para a área de comunicação e marketing — mesmo quando os ventos tentaram soprar para outros lados. “Constância é uma palavra que eu gosto muito. Quando a gente acredita em algo e segue com consistência, uma hora dá certo”, afirma com a certeza de quem viveu isso na prática.
O ponto de virada aconteceu com sua pós-graduação em mídias sociais, lá em 2015. Foi nesse momento que ela deixou o mundo do relacionamento institucional para mergulhar de vez no marketing digital. Desde então, não parou mais. Trabalhou em grandes empresas como a franquia da Coca-Cola em Uberlândia, onde teve sua primeira “grande escola corporativa”, e construiu uma carreira sólida, regada a cursos, formações contínuas e muito trabalho de bastidor.
Mas o grande salto veio mesmo quando assumiu a coordenação de marketing na cVortex. Mesmo sem uma equipe interna no início, liderava agências parceiras, controlava prazos, organizava entregas e tomava decisões estratégicas. Um tipo de liderança que exige sensibilidade, jogo de cintura e capacidade de ver além das tarefas. “Coordenar um time que não é seu também é gestão. E, muitas vezes, é até mais desafiador”, comenta.
Na sua primeira experiência oficial com um time próprio, Luara enfrentou o que muitos líderes sentem, mas poucos verbalizam: a dificuldade de comunicar com clareza em um ambiente 100% remoto e com uma equipe recém-formada. “Achei que eu era super clara. Mas percebi que, mesmo achando que estava explicando tudo, ainda assim existiam ruídos. Foi um desafio comunicar bem nesse cenário totalmente digital.”
Essa percepção refinada sobre a comunicação — suas sutilezas, armadilhas e potências — virou um norte na sua jornada. Reuniões diárias, feedbacks positivos compartilhados com todos, encontros presenciais pontuais para reforçar os laços: Luara entendeu que manter o time conectado ia muito além de planilhas e metas. Era sobre criar vínculos reais. “As pessoas precisavam se sentir parte. Precisavam saber que estavam sendo vistas.”
E se é para falar de inspiração, ela não cita gurus da internet nem grandes nomes do marketing. Prefere lembrar de pessoas reais, próximas, que deixaram marcas profundas no seu jeito de ser. Sua primeira gestora, Paula, que a acompanhou desde o estágio; a ex-diretora Bruna, que com pouca diferença de idade já ocupava um cargo importante e inspirava confiança pela forma de se posicionar; e, acima de tudo, sua mãe, exemplo de resolução e força. “Aprendi com ela a resolver. Colocou uma coisa na minha mão, eu vou dar um jeito.”
Com esse senso de responsabilidade e proatividade, Luara também reconhece as limitações e as dores da liderança. Fala com honestidade sobre situações em que precisou tomar decisões difíceis, inclusive de desligar profissionais que não conseguiram se integrar. “A pessoa pode ser excelente tecnicamente, mas se ela não sabe conviver, vira um fardo para o time. Relações humanas são o que ditam se a gente gosta de trabalhar onde está.”
Ela defende que o papel do líder não é ser especialista em tudo, mas saber orquestrar talentos. Seu olhar está sempre voltado para como fazer cada pessoa performar o melhor possível dentro da sua especialidade — e com isso, criar uma engrenagem que funcione de forma harmônica. “Eu sei um pouco de tudo, mas conto com gente que sabe muito mais do que eu. E é meu papel dar o espaço e a confiança para que essas pessoas possam entregar seu máximo.”
Além de escuta ativa, Luara fala sobre presença. Mesmo gostando do home office — onde se concentra mais e tem autonomia —, ela reconhece a importância do contato presencial para criar vínculo, captar o tom da empresa e fortalecer o sentimento de equipe. “A gente não precisa estar junto todo dia, mas precisa se encontrar de tempos em tempos. Faz diferença.”
Sobre os bastidores da gestão, ela revela como contava com o apoio do RH e de seu líder direto na hora de lidar com situações delicadas. “Era minha primeira vez com equipe, então eu alinhava tudo antes com meu Head e com o RH. Fazia tópicos para não esquecer nada. E pedia para ligar a câmera, porque feedback é conversa olho no olho, mesmo que seja online.”
Quando fala sobre o que considera essencial em um time, destaca duas coisas: comunicação e espírito de equipe. Ela acredita que saber se expressar bem, ouvir e compreender o outro são habilidades fundamentais para que as engrenagens funcionem. E não esconde sua valorização pelo perfil “pau para toda obra” — aquele que, mesmo sem ser da área, se vira, resolve, busca soluções. “Não tô falando de se matar de trabalhar, mas de ser proativo, de perceber o que é do marketing como um todo, e não só da sua caixinha.”
Ao refletir sobre seu próprio diferencial, Luara enxerga sua versatilidade e sua capacidade de circular bem por diferentes áreas como um ponto forte. Mas é na sua relação com as pessoas que ela deposita mais valor. “Eu ligo para as relações fora do trabalho. Isso diz muito sobre quem eu sou.”
Para ela, um bom líder é aquele que consegue extrair o melhor de cada um. Que estabelece confiança, delega com clareza, integra o time e, acima de tudo, faz com que todos sintam que estão no lugar certo. Um líder que não apenas gere, mas que cuida, ouve e acredita.
“Aprender é o maior show da Terra” — e Luara faz desse show o seu palco diário, conduzindo com paixão, leveza e muita verdade.