“A comunicação que não traduz, não cumpre seu papel”: a jornada de Marcos Navarro no TCE-BA

Marcos Navarro completará 60 anos este ano — e leva no currículo mais do que cargos: carrega linguagem, crítica e história. Jornalista de formação, começou a carreira como revisor no Correio da Bahia e passou por redações, bancos, prefeitura, estatais como a Petrobras e hoje atua como gerente de comunicação do Tribunal de Contas do Estado da Bahia. Sua trajetória é feita de passagens corajosas, muitas vezes silenciosas, mas sempre intencionais.

Ele começou observando o texto alheio, revisando reportagens antes de elas irem para as páginas do jornal. Foi na “cozinha da redação” que aprendeu, na prática, o poder da linguagem — e a importância de saber onde colocar cada vírgula. Revisar não era apenas corrigir. Era questionar, aprimorar, propor. Debatia com repórteres, conversava com editores, mergulhava nos manuais de redação e se apaixonava, cada vez mais, pela estrutura crítica e criativa do jornalismo.
Mas seu olhar sempre foi além do texto. Com o tempo, virou repórter, transitou entre pautas policiais, políticas e sociais. Entendia que o bom jornalista era aquele capaz de ir do deslizamento de encosta à conferência internacional sem perder o fio da empatia e da escuta. E foi essa escuta que o levou a explorar novos espaços — bancos, assessorias de comunicação, empresas públicas. Em cada novo ambiente, aprendeu um novo jargão, um novo tom, uma nova forma de se conectar.

Essa habilidade de adaptação e sensibilidade se mantém viva até hoje, no coração do seu trabalho no TCE-BA. Marcos entende que a comunicação pública precisa, acima de tudo, ser compreendida. E é por isso que lidera com tanto afinco os projetos de linguagem simples dentro do tribunal. “Não adianta fazer um trabalho maravilhoso se a sociedade não entende o que está sendo feito. O direito tem seu lugar, claro, mas quando falamos com o cidadão, a comunicação precisa ser direta.”
Sob sua gestão, o TCE-BA lançou a primeira cartilha de linguagem simples voltada para a imprensa e para o público externo. Criou ações em redes sociais, desenvolveu materiais didáticos e passou a traduzir não só termos jurídicos, mas intenções. “Traduzir é uma forma de acolher”, diz. E é com esse espírito que ele se envolve com cada projeto — da comunicação da Ouvidoria até as campanhas de educação fiscal.

Marcos acredita no papel transformador da educação. Por isso, valoriza os programas voltados para estudantes e professores, como o “Educação é da nossa conta” e a “Ouvidoria vai à escola”. Com esses projetos, o tribunal vai até a sala de aula, conversa com jovens, ouve demandas, entrega revistas em quadrinhos e promove rodas de conversa. “O aluno passa a entender o que é um tribunal de contas. E a partir disso, se reconhece como parte do processo fiscalizatório.”
Sua paixão pela comunicação vai além das palavras. Ele também valoriza a criatividade — e é com esse ingrediente que liderou a criação de um dos maiores orgulhos da equipe: o jogo de tabuleiro “Você Gestor”. Nele, estudantes se colocam no papel de gestores públicos, fazem escolhas, sofrem sanções, ganham bônus e aprendem sobre controle social, gestão orçamentária e valores democráticos. O jogo, que já recebeu prêmios, agora está sendo reeditado em linguagem simples e migrará também para o formato digital. “A criança joga, aprende sobre ética, sobre limite, sobre convivência. E se diverte. Isso é comunicação com propósito.”

Com esse olhar plural, Marcos vai costurando conexões dentro e fora do tribunal. Não enxerga a comunicação como uma engrenagem isolada, mas como fio condutor entre o que se faz e o que se entrega à sociedade. Planejamento e criatividade são, segundo ele, os pilares da equipe que lidera. Mas o que realmente sustenta tudo isso é o senso de missão. “A gente faz com muito carinho. Porque sabe que informar bem é respeitar o cidadão.”
Quando fala sobre o maior desafio do seu tempo, é categórico: a luta contra a desinformação. Em tempos de polarização, fake news e discursos de ódio, ele acredita que o papel do comunicador público é ainda mais urgente. Checar, contextualizar, construir pontes e proteger a ética. “A comunicação precisa ser firme, mas respeitosa. Precisa ser clara, mas não simplista. E precisa ser humana.”

Marcos não se vê como herói, nem como protagonista. Mas é, com certeza, alguém que molda o bastidor com maestria. Alguém que transforma linguagem em acesso. Que transforma texto em instrumento. E que entende que toda comunicação pública, no fim, precisa responder a uma pergunta simples: isso que estamos dizendo, está realmente sendo entendido?

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