O profissional, Perseu Bastos, é gestor regional do Sebrae Paraná na região de Maringá. Com uma trajetória marcada por empreendedorismo, inovação e uma energia inquieta por resolver problemas, Perseu compartilhou sua história com leveza, bom humor e profundidade. De Recife para o Sul do país, sua carreira é uma colcha de retalhos costurada com criatividade, estratégia e muita adaptabilidade.
Em entrevista, Perseu contou que começou a trabalhar com apenas 16 anos na área de design. Logo migrou para o universo das startups, onde fundou uma empresa de jogos educativos voltados a transtornos de aprendizagem — tema que só anos depois ganharia mais visibilidade. “A gente estava à frente do tempo. Em 2011, eu já falava de TDAH e autismo quando isso ainda era tabu em sala de aula”, relembra.
Mesmo com prêmios e aceleração no Porto Digital, a empresa encerrou as atividades após quatro anos. Mas, segundo Perseu, esse período foi a base para tudo que viria depois.
“Gerenciar uma empresa foi o divisor de águas. Ali eu deixei de me preocupar com currículo e passei a focar em vivência.”
Esse salto o levou à coordenação de projetos no próprio Porto Digital e, mais tarde, a ministrar consultorias e formar empreendedores em diversas regiões do Brasil. Até que, em 2019, foi convidado a integrar o time do Sebrae no Paraná — onde atua desde então como gestor de projetos com foco em inovação, turismo e desenvolvimento territorial.
Hoje, Perseu lidera projetos com diferentes estruturas, equipes e desafios. A regional onde atua opera em um modelo projetizado, ou seja, com equipes formadas conforme a demanda de cada entrega. Isso exige uma habilidade fundamental: clareza de comunicação.
“Gestão não é difícil. É simples, mas exige ritmo e clareza. O problema é que o simples nem sempre é fácil.”
Perseu compartilhou que seu principal desafio como líder está justamente na clareza na comunicação, no alinhamento de papéis e no ritmo de trabalho. Para ele, comunicação eficiente não é repetir a mesma mensagem mil vezes, mas deixar claro desde o início o que precisa ser feito — e por quem.
“Tem projeto em que o papel de alguém é só subir no palco e dizer boa noite. E tá tudo bem. O erro é quando ninguém deixa isso claro e a pessoa acha que tem que participar de tudo.”
Sua liderança é pautada por um estilo objetivo, direto e estratégico. Ele acredita que o verdadeiro engajamento nasce da clareza de propósito e da cadência nos processos.
“Ritmo engaja. O time precisa entender que a entrega tem começo, meio e fim — e que está conectada a algo maior.”
No dia a dia, Perseu aplica esse conceito com reuniões regulares, feedbacks ativos e escuta constante.
“Pergunto o que fiz de errado. Eles também me dizem: ‘Tu podia ter falado isso pessoalmente, não mandado um e-mail.’ Aí a gente ajusta. É no detalhe que a gente evita as bombas lá na frente.”
Ao falar de sua equipe, destaca como principal qualidade a energia de bancar o que precisa ser feito. Mesmo sob pressão, ninguém solta o compromisso. “Aqui o pessoal resolve. Reclama depois, ri depois — mas faz acontecer.”
Sobre o mercado atual, Perseu acredita que falta às pessoas a capacidade de lidar com a incerteza com mais tranquilidade. “Não saber o próximo passo não é motivo para pânico. O problema é que todo mundo foi treinado para ter a resposta certa, e a vida real não é assim.”
Ele defende que profissionais precisam parar de esperar que tudo seja previsível. “Se a gente entende que o próximo passo já é suficiente, a gente anda. A ansiedade vem dessa vontade de enxergar o fim do caminho sem ter nem dado o primeiro passo.”
Para finalizar, contou o que o faz brilhar os olhos: desafios com propósito claro. Perseu se alimenta de futuro, de oportunidades de transformar ambientes — mesmo em terrenos difíceis. “Sou pernambucano, tiro leite de pedra. Me joga no árido que eu crio inovação.”